sábado, 22 de setembro de 2007

Deus tem razões sérias para proibir a invocação dos mortos


Deus, autor da vida e criador do homem, teve por certo razões graves para interditar com tanta severidade a evocação dos falecidos. Quais seriam estes motivos? Os textos bíblicos dão alguma indicação "... para que não contamineis por meio deles (os necromantes): eu sou o Senhor vosso Deus" (Lev XIX, 31); "Porque o Senhor abomina todas essas coisas" (Deut XVIII, 13); porque afasta o homem de Deus (Deut XIII, 2-6); porque desvia da Lei e do Testamento (Is VIII, 19-20); porque o mago "perverte os caminhos retos do Senhor" (At XIII, 10); porque a magia faz parte das “obras da carne” (Gl 5,20). Segundo a Biblia, a magia é uma injúria à soberana independência e transcendência de Deus e aos seus direitos exclusivos de criar, revelar, fazer milagres e santificar os homens; a magia tende a rebaixar a Deus ao nível de criatura e abre os caminhos para as mais estranhas religiões. E porque a magia é aviltamento da soberania divina, por isso ela é também degradação da dignidade do homem, é deformação do autêntico sentimento religioso.
Não é difícil constatar como, de fato, entre nós, a prática da evocação foi distanciando os espíritas da doutrina cristã e da Igreja de Cristo. Vítimas da miragem espírita, milhões de brasileiros já se sentem praticamente desvinculados da Igreja. São os frutos da evocação. Jesus previu a invasão dos falsos profetas e nos deu uma grave exortação: “Guardai-vos dos falsos profetas, que vêm a vós disfarçados de ovelhas, mas por dentro são lobos ferozes. Pelos seus frutos os conhecereis” (Mt 7,15-16).
Pelos seus frutos os conhecereis: penso sobretudo também nos efeitos que a diurna prática da evocação produz sobre a saúde de seus praticantes. Pois o espiritismo é uma religião “de possessão”, como se diz agora. A suposta ou imaginada possessão se realiza sempre em um estado psicológico de transe. Para poder atuar como instrumento dos espíritos, o médium deve entrar neste estado que não é normal. Segundo as normas de estatuto para sociedades espíritas, dadas pela Federação Espírita Brasileira, os centros espíritas devem realizar “sessões para obtenção dos fenômenos espíritas”, que são reguladas nestes termos pelo art. 2 § 2: “O desenvolvimento das faculdades mediúnicas consistirá, principalmente, no aprendizado, para o médium, da doutrina, em geral, e em particular, no exercício da concentração, da meditação e da prece, no apuramento da sensibilidade, para o efeito de perceber, pela sensação que lhe produzam os fluidos perispirícos do espírito que dele se aproxime, de que ordem que é este; na aprendizagem da maneira com que se deve comportar o seu próprio espírito durante a manifestação, tudo mediante o estudo de O livro dos médiuns e de outras obras congêneres, estudo sem o qual nenhum médium deverá entregar-se à prática da mediunidade, sobretudo sonambúlica”.
Em vista disso e considerando a enorme multiplicação destes centros entre o povo simples, já por todo e vasto Brasil, interroguei a opinião de médicos-psiquiatras, professores de psiquiatria, diretores de hospícios e psicólogos, sobre a conveniência de promover o desenvolvimento das faculdades “mediúnicas” e provocar “fenômenos espíritas”. Perguntei-lhe também se o médium “desenvolvido” pode ser considerado tipo normal e são; e que pensam acerca da pratica popularizada de tantos centros espíritas com supra-indicada e prescrita finalidade.
Recebi numerosas respostas, publicadas na brochura O livro negro da evocação dos espíritos (Vozes, Petrópolis). A sociedade de Medicina e Cirurgia, do Rio de Janeiro, por iniciativa de Leonídio Ribeiro, promoveu inquérito semelhante publicado em seu livro O espiritismo no Brasil (Ed. Nacional, 1931), que ajuntei à, minha sindicância. Inclui também as observações feitas pelo Dr. Xavier de Oliveira em sua obra O espiritismo e loucura (Rio, 1931), que na p. 211, fala assim de O livro dos médiuns de Allan Kardec: “É a cocaína dos debilitados nervosos que se dão à pratica do espiritismo. E com um agravante a mais: é barato, está no alcance de todos, e por isso mesmo, leva mais gente, muito mais aos hospícios, do que a ‘poeira do diabo’, a ‘coca maravilhosa’... É o tóxico com que se envenenam, todos os dias, os débeis mentais, futuros hóspedes dos asilos de insanos. Lêem-no, assimilam-no, incluem a essência diabólica de que é composto, caldeiam os conhecimentos nele adquiridos nas sessões espíritas”. Falando da proporção que ao espiritismo “como fator imediato de alienação mental de feição puramente religiosa”, revela que “é, de muito, muitíssimo, cem vezes, mil vezes superior à de todas as outras seitas reunidas, e, atualmente, praticada em todo o mundo” (p.15).
Uma análise sistemática da ampla documentação por mim recolhida pode ser resumida nos seguintes pontos:
1) Existe impressionante unanimidade entre psiquiatrias, professores de psiquiatria, diretores de hospícios etc., em denunciar a prática da devoção dos espíritos como nociva, prejudicial, desaconselhável, perigosa, perniciosissima etc.
2) Há também unanimidade moral em ver na prática do espiritismo um poderoso fator de loucuras. Neste sentido os depoimentos são realmente notáveis:
- é o maior fator produtor de insanos (F.Franco);
- é um grande fator de perturbações mentais e nervosas (H. de Melo);
- é uma das causas predisponentes mais comuns da loucura (A. Austregésilo);
- é uma verdadeira fabrica de loucos (H. Roxo, J. Moreira, M. º de Almeida);
- é um agente provocador de delírios perigosíssimos (H. Roxo)
- as práticas espíritas avolumam proeminentemente a população dos manicômios (J. Dutra);
- é grande o numero de doentes, procedentes dos centros espíritas, que vão bater a porta do Hospício Nacional de Alienados (J. Moreira);
- entre os dementes que diariamente dão entrada no hospício, a maioria vem dos centros espíritas (H. Roxo, M. O de Almeida);
- os hospitais de psicopatas estão repletos desses casos (Porto Carrero).
3) Mas não há unanimidade na questão se a prática do espiritismo apenas desencadeia distúrbios mentais já latentes e em indivíduos predispostos à loucura, ou se também deve ser considerada como fator que por si só é capaz de provocar reações psicopatológicas em indivíduos perfeitamente sãos. Nem todos se pronunciaram sobre a questão. Mas todos concordam em dizer que a sessão espírita é a melhor oportunidade para desencadear enfermidades mentais latentes. Em favor da tese que afirma que o exercício da mediunidade não age apenas desfavoravelmente sobre os predispostos mas também sobre os sãos, não somente desencadeando mas também preparando loucuras, temos os seguintes pronunciamentos:
- J. Leme Lopez sustenta que “ a freqüência às sessões espíritas se encontra amiúde entre os fatores predisponentes e desencadeantes das psicoses e das reações psicopatológicas” e que “o exercício das faculdades mediúnicas prepara, facilita e faz explodir alguns quadros mentais”.
- Franco da Rocha endossa as observações de Charcot, Forel, Vigoroux, Henneberg e outros, que publicaram exemplos de pessoas, sobretudo moças, anteriormente sãs, que se tornaram histéreo-epilépticas, em consequência de terem tomado parte nas cenas da evocação dos espíritos;
- Juliano Moreira confessa que viu “casos de perturbações nervosas e mentais evidentemente despertadas por sessões espíritas”,
- J. Dutra pensa que as práticas espíritas exageradas “preparam a loucura”;
- A. Austregésilo declara que o espiritismo é “uma das causas predisponentes mais comuns da loucura”;
- Xavier de Oliveira garante que dos casos por ele estudados no Pavilhão de Assistência a Psicopatas, 1.723 pessoas enlouqueceram “só exclusivamente pelo espiritismo”;
- Henrique B. Roxo insiste: “Uma coisa a discutir é se essas pessoas já não eram doentes mentais antes da sessão. Não, absolutamente. Não apresentavam antes qualquer perturbação mental” Depois repete: “Raramente o individuo era alienado antes do espiritismo”.
4) Mas a prática do espiritismo ou da evocação dos espíritos não é somente causa de loucuras ou perturbações das faculdades mentais; os médicos denunciam outras conseqüências ainda:
- faz explodir e agravar a neurose (Franco da Rocha);
- produz perturbações nervosas (Juliano Moreira);
- determina emoções que acarretam perturbações vaso-motoras (J.Dutra);
- provoca alterações nas secreções internas (J.Dutra);
- produz histeria e epilepsia (Franco da Rocha).
5) Não apenas os médiuns, também a assistência pode ser vitima de semelhantes males:
- a pratica pública de sessões espíritas, com manifestações ditas mediúnicas, exerce sobre a maior parte dos assistentes uma intensa tensão emocional e nos predispostos (psicopatas, neuróticos, fronteiriços, desajustados da afetividade) é a oportunidade de desencadeamento de reações que os levam ao pleno terreno patológico (Leme Lopez);
- a prática popularizada é prejudicial à saúde mental da coletividade (R. Cavalcanti), é nociva (P. de Azevedo), é prejudicial, principalmente nos meios incultos (M. Andrade);
- por impressionáveis, tais práticas públicas produzem alucinações (J. Dutra);
- a prática do espiritismo tem produzido danos à saúde mental dos adeptos e freqüentadores (J. Fróes);
- o delírio espírita episódico comumente se desenvolve pela freqüência de sessões de espiritismo (H. Roxo);
- as sessões espíritas finalizam sempre com crises de nervos e um estado geral de excitação mais ou menos intenso (H. Roxo);
- algumas vezes há uma questão de contágio mental e numa casa muitas pessoas passam o delírio uma para a outra (H. Roxo);
- temos observado um sem-número de débeis mentais apresentarem surtos delirantes após presenciarem sessões espíritas ou delas participarem ativamente (Pacheco e Silva).
6) Há unanimidade quase total em qualificar a pessoa do médium como tipo anormal, insano, neurótico, desequilibrado, degenerado, histérico etc.:
- os médiuns são os neuróticos de certa classe, histéricos e obsessivos (A. Garcia);
- o médium deve ser considerado como uma personalidade anormal, predisposto a enfermidades mentais, ou já portador de psicopatas crônicas ou em evolução (R. Cavalcanti);
- o médium não pode ser considerado como tipo normal e são (D. Araújo, O. M. Andrade);
- o médium torna-se um neurastênico, autômato, visionário, abúlico (F. Franco);
- o médium nunca pode ser normal (F. Franco);
- o chamado médium desenvolvido já é um insano (P. de Azevedo);
- nunca vi um médium que fosse individuo normal; é quase sempre um desequilibrado (Franco da Rocha);
- ainda não tive a ventura de ver um médium que não fosse nevropata (Juliano Moreira);
- o médium é um tipo anormal , um degenerado (H. de Mello);
- os médiuns devem ser considerados indivíduos nevropatas próximos da histeria (A. Austregesilo);
7) Com particular veemência é unanimemente condenado o desenvolvimento e o exercício das chamadas faculdades mediúnicas, pois esta prática:
- exalta qualidades patológicas latentes (J. A. Garcia);
- sugestiona as pessoas simples (J. A. Garcia);
- em doentes mentais precipita a psicose e da colorido especial aos delírios (J. A. Garcia);
- é causa freqüente de perturbações psicológicas (D. Araújo);
- retarda o tratamento dos pacientes (R. Cavalcanti);
- põe em evidência enfermidades mentais pré-existentes (R. Cavalcanti);
- é o principal responsável pela transformação psicológica que prepara, facilita e faz explodir alguns quadros mentais (Leme Lopez);
- exerce sobre a maior parte dos assistentes uma tensão emocional (Leme Lopez);
- age como fator desencadeante de distúrbios mentais em indivíduos predispostos (M. Andrade);
- é danoso para o organismo do médium (F. Franco);
- produz personalidades histereo-epilépticas (Franco da Rocha);
- prepara o automatismo (Franco da Rocha);
- produz perturbações nervosas e mentais (Juliano Moreira);
- concorre para a alucinação (J. Dutra)
- determina emoções que acarretam perturbações vaso-motoras (J. Dutra);
- provoca concentração psíquica e estados de abstração (J. Dutra);
- altera as secreções internas (J. Dutra);
- predispõe a loucura (A. Austregésilo)
- provoca delírios perigosíssimos (A. Roxo)
- agrava muitos estados mentais já iniciados por pequenos distúrbios psíquicos (A. Austregésilo);
8) Todos são unânimes em declarar que o exercício abusivo da arte de curar pelo espiritismo acarreta perigos para a saúde pública.
9) Em vista de tudo isso reclamam ou apóiam medidas públicas de profilaxia contra a proliferação de centros espíritas como nocivos à saúde publica:
- considero a prática do espiritismo um grave problema social no Brasil (D. Araújo);
- as sessões publicas de mediunidade deveriam ser interditadas (Leme Lopez);
- os excessos nocivos deveriam ser coibidos (P. Azevedo);
- é urgentíssima uma medida pública neste sentido (F. Franco);
- a lei devia tolher-lhe a marcha (H. de Mello);
- os prejuízos que o espiritismo traz à saúde pública são evidentes (Porto Carrero);
- julgo indispensável e urgente que se estabeleçam leis que regulem esse caso (L. da Cunha);
- é uma prática perniciosíssima, que deveria ser combatida a todo transe, por isso que, sobre prejudicial à saúde pública, contribui para a ruína de muitos lares e dá margem a explorações as mais ignóbeis (Pacheco e Silva);
- o poder público não pode ser indiferente à ruína nervosa, são à alienação daqueles sobre os quais lhe é missão velar: os inocentes, incautos, crédulos, que desses espetáculos e dessas sugetões podem ser vitimas (Afrânio Peixoto).
Deus autor do homem, tinhas pois, motivos graves para proibir a evocação. A posterior experiência comprova a sabedoria desta disposição divina. (Frei Boaventura Kloppenburg, OFM, Espiritismo: Orientação para Católicos, 6a. edição, Ed. Loyola, cap. II pp. 56-62).

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