quarta-feira, 21 de maio de 2014

Catolicismo Romano Idolatria Disfarçada

Os católicos sempre encontraram uma maneira de se livrar da acusação de serem idólatras. Quando pressionados com textos bíblicos sobre seu modo de culto prestado a Deus, aos santos, às imagens, às relíquias, à eucaristia e à Maria, prontamente respondem que não levamos em conta a cuidadosa distinção de culto feita pela Igreja Católica para não incorrer neste pecado.

Os eruditos católicos precisam fazer esta distinção, pois, sem ela, não poderiam escudar-se quando pressionados com a acusação de idolatria. Com esta nuança de palavras, sentem-se livres para prosseguir com seus sofismas teológicos. Diante das severas advertências bíblicas, foi necessário fabricar-se uma tríplice distinção entre o que eles classificam “latria”, que seria o grau mais alto de adoração, “hiperdulia”, um grau abaixo daquele (tido como veneração a Maria) e superior à “dulia”, também veneração, mas prestada aos santos e aos objetos relacionados a tais santos, como, por exemplo, as imagens.

Os católicos dizem que prestam unicamente o culto de “latria” a Deus e o culto de “dulia” aos santos, sem incorrerem no risco de confundi-los. Contudo, esta “cuidadosa” diferença desaparece na prática. Vejamos, mais à frente, como ela tende a se confundir no desenrolar do culto que o devoto católico presta.

O papa Gregório estava errado quando disse que “as imagens são os livros dos ignorantes”. A bem da verdade, as imagens são mais eficazes para cegar os olhos espirituais destas pessoas e, conseqüentemente, deixá-las mais ignorantes ainda, do que para tirá-las desta condição.

Quando a imagem de algum “santo” cai no chão e quebra, o devoto não diz apenas que a imagem se quebrou, mas afirma ter quebrado o próprio santo, seja ele Antônio, Benedito, Jorge, José, entre outros, repetindo assim o episódio de Labão, que acusou Jacó de roubar não só suas imagens, mas seus “deuses” (Gn 31.30).

Imagine um católico fazendo a oração que segue, curta e fervorosa, diante do quadro da sagrada família — Jesus, Maria e José.

Meu Jesus, misericórdia.
Doce coração de Maria, sede a minha salvação.
Jesus, Maria, José eu vos dou meu coração e minha alma.
Jesus, Maria, José assisti-me na última agonia.
Jesus, Maria, José, expire a minha alma entre vós em paz.
Amém.

Perguntamos: Qual é o católico que consegue fazer a distinção entre “latria”, “dulia” e “hiperdulia” quando se prostra para rezar fervorosamente perante os três personagens do quadro? Como bem expressou a pesquisadora de religiões, Mary Schultze: “a mão-de-obra é grande demais!”

Como quase todas as invenções doutrinárias do catolicismo através dos séculos têm seu embrião no paganismo, esta suposta distinção entre um culto e outro não é uma exceção. Os pagãos rodeados por seus muitos deuses e intercessores fizeram uma hierarquia de culto para eles, distinguindo entre divindades maiores e divindades menores. A Roma papal, cópia fiel do paganismo, também procedeu do mesmo jeito. Isto nos traz à memória um texto bíblico em que aparece uma situação análoga: “Assim estas nações temiam ao SENHOR e serviam as suas imagens de escultura; também seus filhos, e os filhos de seus filhos, como fizeram seus pais, assim fazem eles até o dia de hoje” (2Rs 17.41; grifo do autor).

O correto uso dos vocábulos da Bíblia

Os termos gregos dulia e latria não têm nenhuma semelhança com a definição que lhes dá o catolicismo. Podemos desmontar este arcabouço doutrinário levantado pela teologia romanista simplesmente recorrendo ao original grego do Novo Testamento.

Dulia: é derivado do verbo grego douléuo, cujo equivalente é “servir”, “ser escravo”, “subserviente”. Este verbo é usado para expressar o nosso dever de servir a Deus, e aparece em passagens como:

Mateus 6.24

“Ninguém pode servir (douleuein) a dois senhores...”

Atos 20.19

“Servindo (douleuôn) ao Senhor com toda a humildade...”

Romanos 12.11 (V. tb. 14.18)

“Não sejais vagarosos no cuidado; sede fervorosos no espírito, servindo (douleuontes) ao Senhor”

Latria: o termo aparece nas escrituras gregas cristãs como adoração como culto, ritos, cerimônias, serviços exteriores. Vejamos alguns exemplos de seu uso:

João 16.2

“Expulsar-vos-ão das sinagogas; vem mesmo a hora em que qualquer que vos matar cuidará fazer um serviço (latreian) a Deus”.

Romanos 9.4 (V. tb.12.1)

“Que são israelitas, dos quais é a adoção de filhos, e a glória, e as alianças, e a lei, e o culto (latreia), e as promessas”

Hebreus 9.6 (V. tb. 9.1)

“Ora, estando estas coisas assim preparadas, a todo o tempo entravam os sacerdotes no primeiro tabernáculo, cumprindo os serviços (latreias)”

A palavra comumente usada na Bíblia Sagrada para adoração é proskyneo, cujo significado, entre outros, é prostrar-se e adorar, e não latreia. Vejamos:

Mateus 4.10

“Então disse-lhe Jesus: Vai-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás (proskunêseis), e só a ele servirás (latreuseis)”

Tanto o culto de latria quanto o de dulia devem ser prestados somente a Deus, e a mais ninguém. Somente diante de Deus devemos nos prostrar e somente a Ele devemos servir. Portanto, servir a alguém em sentido religioso que não seja o próprio Deus é declaradamente idolatria, e foi essa a censura do apóstolo Paulo quando escreveu aos gálatas reprovando a vida idólatra que outrora levavam.

“Mas, quando não conhecíeis a Deus, servíeis aos que por natureza não são deuses” (Gl 4.8).

No original grego aparece a palavra dulia. Era justamente este o tipo de culto que os gálatas prestavam aos seus deuses, mas nem por isso Paulo os poupou de serem chamados de idólatras.

Aos tessalonicenses, o apóstolo diz o seguinte: “Porque eles mesmos anunciam de nós qual a entrada que tivemos para convosco, e como dos ídolos vos convertestes a Deus, para servir o Deus vivo e verdadeiro” (1Ts 1.9).

Diante disso, entendemos que o culto de dulia deve ser prestado com exclusividade a Deus, ficando claro que o apóstolo, ao usar o termo dulia, condena esta superstição com a mesma força com que a condenaria com o termo latria” (Institutas, livro I, cap. 12).

O que é hiperdulia?

A definição do dicionarista para o prefixo hiper é: “posição superior; além; excesso”. Será que com o culto de hiperdulia os católicos não estariam cultuando a Maria acima e além de Deus e, conseqüentemente, transformando-a em um ídolo? As Escrituras nunca registram uma hiperdulia para Deus, mas apenas a dulia, já os católicos querem prestar a Maria um culto ou serviço superior ao que é prestado ao próprio Deus, ou seja, uma hiperdulia!

Para que nenhum católico diga que estamos jogando com as palavras para acusá-lo falsamente, vejamos o que afirma o livreto intitulado “Com Maria rumo ao novo milênio”, da editora Paulus:

“Houve um tempo em que os católicos veneravam demais os santos. Esqueceram-se um pouco de Jesus. Ele até parecia um santo ao lado dos outros...” (p. 13; grifo do autor).

Evidências disso são os títulos “santóides” conferidos a Jesus, tais como: “São Bom Jesus dos Milagres” e “Senhor Jesus do Bonfim”, entre outros.

Se isto não for idolatria, então não sabemos mais o que poderia ser!

Todavia, os fatos falam por si só. E a questão em pauta envolve fatos, e não nomes. Alguém já disse que “contra fatos não há argumentos”. Não adianta querer esconder a situação espiritual em que os católicos se encontram com sutilezas e supostas distinções de palavras. Suas práticas constituem-se em atos de adoração explícita, ou seja, quando um católico se prostra diante de uma imagem de Maria e lhe faz pedidos, isto é idolatria.

Onde está a diferença da qualidade do culto que prestam a Deus, aos santos ou a Maria e suas imagens? Ela desaparece por completo no desenrolar da adoração do fiel. 

Por tudo isso é que não podemos aceitar a sutileza usada pelos teólogos católicos para diferenciar os tipos de culto que prestam em seus “arraiais”.

Oremos para que o Espírito Santo conceda-lhes oportunidades de reconhecer, em tempo oportuno, aquele que é o único digno de adoração. De verdadeira adoração!


Por Paulo Cristiano da Silva.