quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Poesia de Lamento de Saul

Como lamento
Meus maus intentos
E falta de posicionamento
Diante de Deus

Ele me deu tanta oportunidade
Quando eu vagava
Atrás de jumentos
Ele me escolheu

Falou-me de palavras
Sublimes e um futuro
Grandioso que eu nunca
Imaginei
O profeta disse-me
Que serei um rei

Confesso que no início
Tremi
Atrás das bagagens me escondi
Grande desafio vi
Diante de mim
Direcionar os judeus
É coisa demais para mim

Realmente fui empossado
Conforme as palavras
Que me prometeu
Diante do povo
Fui levantado
E sobre mim
Ninguém prevaleceu

Até que um dia
Ao profeta desobedeci
Julguei que minha ação
Era mais inteligente
Do que a que ele propora
Para mim

Sacrifiquei precipitadamente
Me gloriando no que eu podia ter
Não permaneci na direção
Pois a pressão
Das pessoas acabou por me mover
E cometi a ação
Que não poderia ter

O profeta chegou
Atrasado ao meu ver
Pois era tudo provação
Avaliação do meu ser
Da minha essência
Insubordinada
E Desordeira

Passou esta data
Pensei que as coisas
Ficariam para trás
Até que entrei em outra batalha
E agi novamente
Conforme me apraz

Havia sido redarguido
A nenhum despojo
Comigo levar
Porém diante da beleza dos animais
Não pude me segurar
E pensando que era mais sábia
A minha visão
Me pus a atuar
Guardei as melhores ovelhas
Rebanhos e gados
Que pude imaginar
Ainda que a ordem fosse
Para eu me livrar
De qualquer resquício
Daquela terra profana

O profeta Samuel
Chega até mim
Com a Palavra de Deus
Dizendo que Ele
Desistiu de mim
Só porque desobedeci
Só porque quis seguir
A mim mesmo
Me tornei indigno do prêmio
Que obtive
Deus buscava alguém
Que o seguisse
E atendesse á sua voz
Não alguém como eu
Que sempre optava
Pela minha vontade

Deus não aceitou meus presentes
Nem argumentos
Mas disse-me que eu estava cortado
Não servia para o seu reino
Pois da mesma forma que Eu rejeite
Seu querer e parecer
Ele rejeitava a mim

Desde então
Angústias do inferno se apoderaram
De mim
O Senhor falou por Samuel
Que iria levantar
Alguém melhor que eu
Isso me abalou muito
Pois confiei nos meus métodos
E julgava que na minha razão
Eu seria feliz

Agora que vejo ao longe
Um jovem chamado Davi
Percebo que seu coração é
Tão obediente
A voz de Deus
E isto o torna
Forte e superior aos filisteus
Derrubou um gigante
E já venceu inimigos
Em quantidade maior
Do que eu pude resistir

O ódio e a inveja
Se apossam de mim
E sinto demônios se apossando assim
Do meu ser e projeto, enfim
Se não bastasse
Minha frustração
Chamam a Davi
Para expulsar o mal que abala-me
E este submete-se a ele
Enquanto me descontrola

Lamento e hoje vejo
Quanto perdi
Por não obedecer a Deus
E ao seu profeta seguir
Errei, fracassei
Inutilmente
Perdi um reino
De forma inconsequente
Desobediente
Prepotente
Precipitadamente
Me perdi
E não consigo voltar
Pois já vejo outro no meu lugar
Superior a tudo
Que eu pude ser
Ou imaginar

Confiei em mim
Virei as costas para Ti
Oh Deus
Quando querias me guiar
Agora colho a consequência
E não adianta me desesperar

Autora: Raquel Camargo Fragoso

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