Hoje, infelizmente, os pregadores buscam a multidão, correm atrás dela, preferem o tumulto das turbas ao silêncio da oração e ao isolamento da humildade. Buscam ter prestígio, e, para isso, querem agradar a multidão, seguí-la, imergir nela, ora usando meios e métodos demagógicos, ora capitulando diante de seus caprichos, ou calando e omitindo-se diante de suas paixões desregradas.
O resultado é que ninguém, de fato, segue esses maus pregadores, que antes deveriam ser chamados de pegadores, caçadores de prestígio. Mas pegadores fracassados, porque nada e ninguém pegam. A multidão os ouve, e mal, enquanto eles admitem os seus caprichos e favorecem as suas paixões, mas logo os abandonam, porque é próprio do capricho ser mutável, e, da paixão, é próprio o logo cansar-se. E ninguém segue aquele que segue a multidão.
Prestígio e fama são como a sombra: nunca se os alcança, quando se corre atrás deles.
Cristo não procurava o seu prestígio, fazendo concessões às turbas. Essas concessões são próprias dos demagogos, e não da Santidade. Por isso, quando os fariseus se escandalizaram com as palavras de Cristo de que, quem não comesse a sua carne, e não bebesse o seu sangue, não teria vida eterna, e os fariseus se afastaram, Cristo não foi atrás deles, procurando retê-los com palavras que abrandassem o que Ele dissera. Pelo contrário, perguntou aos Apóstolos: "Não quereis vós também retirar-vos?" (Jo. VI, 68).
Orlando Fedeli
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